terça-feira, 13 de março de 2012

Como fazer um orçamento correto

Por Roberto Barroso – Órion

Além de realizar um reparo de qualidade, a oficina precisa cobrar corretamente. Isso não é apenas um indicativo de bom relacionamento com seguradoras e proprietários de veículos. É também uma forma de ser remunerada de maneira justa, porque, em muitas situações, a falta de um orçamento correto faz com que a oficina deixe de incluir no preço atividades que ela terá de realizar no reparo.


Confiança é a base
Tudo começa bem quando a oficina ganha a confiança do seu cliente. Muitas vezes, o cliente já entra na reparadora desconfiado de que, em algum ponto, ele será ludibriado (principalmente quando é uma mulher). Cabe, então, ao recepcionista e ao orçamentista demonstrarem a seriedade da empresa. O profissional deve apresentar a oficina, mostrar os equipamentos, os certificados de treinamento de sua equipe e apontar o tempo em que a oficina já está naquele local.
É a partir daí que entra o trabalho específico do orçamentista. Ele precisa entender o motivo da vinda do cliente e tudo o que está envolvido no reparo. Precisa estar consciente de que o veículo, às vezes, é o maior patrimônio do cliente, seu único bem, e precisa ser tratado com todo o respeito.
Por trás do dano, pode ter acontecido uma situação traumática. O cliente quer desabafar. Nessa hora, vale a pena ouvir o que ele tem a dizer. E, como técnico, é fundamental entender como se deu a colisão para realizar um bom orçamento.

Análise do veículo
Passada a etapa do atendimento à pessoa, comece a análise do veículo e seus danos. O orçamentista precisa abrir um orçamento com todos os dados do veículo – ano, modelo, quilometragem, motorização, número de portas, entre outras informações – para que a cotação das peças seja a mais precisa possível.

Após essas verificações, analise o dano. Inicie pela parte externa e divida o orçamento em lataria, acabamento, iluminação, mecânica e pintura, pois assim ficará mais fácil explicar seu orçamento ao cliente. Uma volta em torno do veículo se faz necessária para que todos os danos, mesmo pequenos riscos, sejam observados e inclusos no orçamento, cabendo ao cliente optar ou não por realizar os trabalhos.

Os itens de maior volume são mais fáceis de orçar, pois possuem uma visualização clara, mas será preciso analisar as presilhas, buchas e suportes que, apesar de serem peças de pequeno porte, influenciarão muito no ajuste e acabamento dos serviços. Não deixe de incluí-los no orçamento.
É imprescindível que o orçamentista conheça as peças não-visíveis, pois sem isso não terá como analisar as consequências dos danos externos. Por exemplo, em um impacto frontal, o para-choque dianteiro costuma se deformar e retornar à sua posição inicial. Entretanto, este movimento costuma danificar o crash-box, os faróis e, em muitos casos, o sistema de arrefecimento e de ar condicionado. Acredite, será muito desagradável, ter de entrar em contato com o cliente e adicionar um novo valor ao orçamento já acertado.

Mecânica e parte inferior
Após a entrada do veículo em serviço, vale a pena checar todo o sistema mecânico, incluindo sistema de freio (pastilhas), mangueiras, sistema hidráulico, nível de óleo de motor, óleo de freio, óleo de câmbio, líquido de arrefecimento e pressão do gás do ar-condicionado.
Também é recomendável verificar a parte inferior do veículo, pois, nas vias brasileiras, é fácil constatar danos à parte de suspensão e alinhamento, provocados por pequenos impactos contra buracos e lombadas. Cheque todas as partes de borracha (coxim de motor, câmbio, buchas de bandeja). Os aros de roda e pneus também sofrem muito com esses impactos, principalmente a banda interna dos pneus, que costuma ter grande desgaste quando o veículo está desalinhado.

Voltando ao cliente
Após todas essas verificações, retorne ao cliente com um orçamento pronto. O orçamento precisa ser claro e objetivo. Se possível, envie-o ao cliente para que ambas as partes possam negociar. Depois desta negociação, colha um “de acordo” do cliente, para ter a garantia do que ficou acertado.
Explique tudo o que será feito. Mostre ao seu cliente que a sua oficina se preocupa com a segurança dos ocupantes, que o trabalho da sua reparadora não se restringe à reparação do veículo, e que o mais importante é o bem-estar da família do cliente.

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